O céu está cinzento, uma leve neblina dilui-se entre uma dose de poluição e meia de oxigénio, a temperatura encontra-se amena e o dia transmite a melancolia que sobrevoa o bairro do Oriente. Despertando uma lágrima que escorre na face de uma mulher que vagueia pelas ruas desta cidade, num misto de magia e tristeza, expresso através dos tempos num dos muitos mendigos que dormem entre caixotes de cartão, ás portas de mais um amontoado de betão.
Numa mistura de odores desatentos, cruzam-se connosco, numa pressa atarefada demorando-se alguns segundos a desvanecer-se no ar, entre sorrisos lacónicos e olhares indiscretos. Perturbando as mentes perversas de predadores nocturnos que esperam por mais uma vitima ingénua que vem dando os primeiros passos na fascinante descoberta que é o conhecimento da bruma, aquela que navega ao ritmo das marés, entre o solstício e o crepúsculo.
Ao mesmo tempo, abres a janela do carro, aceleras mais um pouco, aumentas o volume do rádio e dás mais uma passa no cigarro, porque a viagem é longa e tu só agora entraste na auto-estrada…