
A universalidade da sexualidade é prova que esse “exercício milagroso”, presente desde as origens da sociedade, existe em todas as raças, religiões, épocas e idades, aparece desde os romances queirozianos às novelas lideres em audiências. Na arte é uma constante seja no cinema, na pintura ou na escultura, está ao alcance de todos, surgindo em abundância nos meios de comunicação como os jornais ou a Internet, passando pela publicidade até as anedotas mais simples e populares, atingindo a complexidade e a controvérsia de teorias como a de Freud (o qual insinuava que a sexualidade era uma manifestação da vida psíquica, que se desenvolvia em fases sucessivas). A omnipresença desta temática aparece em áreas tão importantes como a Saúde ou o Direito envolvendo subtemas de tal forma delicados e implexos como o aborto, a pedofilia, a violação, a sida, o adultério ou a homossexualidade e a forma como as sociedades encaram estas variantes.
A sexualidade começou a ser uma temática de relevo nos tempos da Grécia Antiga onde a homossexualidade era vulgarizada pela expressão “amor grego” é também dessa época que advém o termo “lésbica” ligado à ilha grega Lesbos, pátria da famosa poetisa grega Safo, a esta estavam associadas práticas escandalosas entre mulheres. Por sua vez a pedofilia, na actualidade considerado, um dos crimes de maior gravidade e geralmente associado ao tráfico de menores, era considerado como um rito de passagem da juventude para a idade adulta, traduzindo-se numa pratica iniciática na época de Platão. Apartir da Idade Media por acção da Igreja a sexualidade passa a ser considerada uma cultura de pudor, com base na defesa da castidade e do celibato, isto é à medida que ia havendo uma desvalorização da sexualidade ia se valorizando o amor conjugal e o sacramento do matrimónio, sendo o sexo visto apenas como uma forma de reprodução humana.
Com o surgimento da contracepção os valores da Igreja começam a ser postos em causa, mas é no princípio do século XIX que esses princípios são fortemente atacados com o aparecimento do divórcio, retirando á Igreja o papel fundamental que até ai exercera. No século XX o adultério ganha um fascínio social lado a lado com a ofensiva da pornografia e da celebre frase “peace and love” associada á ideia do amor livre. Ao mesmo tempo a homossexualidade e a sodomia vão sendo toleradas por certas minorias da sociedade ocidental.
A sexualidade é uma constante e queiramos ou não está presente em todo o lado, seja a sua base uma paixão intensa, um amor eterno, uma simples atracção física ou ate mesmo dinheiro.
Desde a poesia da sexualidade, vulgarmente designada por erotismo, passando pela arquitectura neo-clássica da sensualidade e chegando ao “heavy-metal” da pornografia, observando a arte de Afrodite de forma “sui-generis” o sexo é como a música, há sons que são universais e melhor ou pior todos cantam ou tocam o seu instrumento, seja num estúdio ou num palco. A musica é de todos e para todos, mas cada um sente de maneira diferente.
A sexualidade mistura-se em varias ocasiões com um sentimento bem mais complexo, o amor quando à atracção física acrescentamos o valor espiritual e psicológico. Sempre que essa essência está na base de encontros furtivos de origem emocional, cada pessoa lida com o risco à sua maneira, uns preferem relações duradouras onde impera estabilidade emocional, havendo por parte de ambas uma escuta tanto activa como passiva, onde existe uma vontade comum de adaptar-se da melhor maneira para que o entendimento seja o mais harmonioso possível evitando ao máximo discussões e outras complicações. Esta via tem como destino o campo do namoro, partilhando corpo e alma de forma prolongada onde vigora a responsabilidade e maturidade a par de uma paixão sólida. Quanto à origem do fim deste tipo de relacionamentos, acaba por ser em variadíssimas ocasiões a monotonia e o dia a dia rotineiro de quem as vive, é necessário inovar e variar sempre que a imaginação o permitir, noutras situações pode haver um sujeito da relação que parte em busca de novas experiências, na maioria dos casos com outras pessoas e nalguns poucos casos vai em busca do seu próprio espaço, reflectindo sobre si mesmo e a relação que está construindo diariamente, o respeito e o silêncio devem ser considerados mutuamente pois estes podem fazer com que se reacenda a chama da paixão.
Há também quem prefira as relações onde reina a efemeridade e onde o relevante é mais a atracção puramente física do que os sentimentos ou valores morais, é algo passageiro onde o importante é a intensidade com que se vivem aqueles momentos e não propriamente a sua durabilidade. São horas, noites ou semanas de prazer instintivo onde as diferenças estão num ou noutro pormenor se é que ele existe… muitos designam este tipo de relação de “fast-food” ou numa linguagem mais brejeira de “pastilha elástica” tal é a efemeridade do sabor deste tipo de relações. Numa linguagem literária, podíamos designar, uma "curte" como meia dúzia de linhas, uma amizade colorida como um parágrafo e um namoro como um capítulo ou mais, a tua vida é o livro do princípio ao fim…
Em comum todos estes tipos de relacionamentos têm o facto de ambos terem um inicio, meio e fim, que poderá ser em certas ocasiões mais incerto do que noutras, é difícil subir uma escada só de uma vez porque a incerteza esta sempre presente, mesmo havendo muita confiança temos a consciência que só conseguimos controlar algumas variantes. Se formos a observar de forma coerente a paixão e a sexualidade normalmente surgem quando menos se espera e se calhar nunca imaginamos vir a ter algum tipo de relação com aquela pessoa, porque as pessoas cruzam-se na vida umas das outras num jogo com resultado final incerto, porque em geral a parte emocional sobrepõe-se à racional, podemos afirmar que na maioria dos casos passa de raspão, mas quando bate, bate forte... A sexualidade e todos as suas variantes são sempre admiráveis ate ao momento em que tudo termina, o mar volta a acalmar o sol nasce de novo porque a fusão de corpos e a comunhão de almas é como a vida, termina todos os dias e recomeça no dia seguinte…